Os 89 anos de idade não impedem este antigo atleta, dirigente e, sobretudo, adepto incondicional, de vibrar ainda pelo seu clube, que no próximo dia 11 lhe entrega o emblema de diamante
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Ainda hoje, com 89 anos, acompanha, por vezes, os jogos da equipa de futebol, agora a competir na Zona Sul da II Divisão B, depois de vários anos de glória no principal escalão do futebol nacional. "Ainda vou ver a equipa, mas não tanto como antigamente. Quando entro no estádio, vejo que sou uma pessoa querida", observa. Apesar da idade recomendar momentos de maior tranquilidade, Octávio Martins não consegue deixar de se emocionar quando fala sobre o clube.
"Serei do Barreirense eternamente. Quando se fala deste clube, não deixo de me emocionar. Adoro-o como se fosse um doido", diz, com as lágrimas a chegarem aos olhos.
Naturalmente, as histórias da vida do Barreirense são muitas. Octávio Martins já se esquece de vários momentos, mas não evita realçar a conquista da Taça Caridade, no já longínquo ano de 1930, com a ajuda do filho, Zeca Fragata, sócio deste clube da margem-sul há cinquenta anos. Também ele vai receber um emblema comemorativo desta efeméride. "A Taça Caridade tem uma grande história para mim. Foi disputada entre o Sporting, Belenenses, U. Lisboa e Barreirense. Há aqui uma rua que tinha um poço, de onde, diziam, quem bebesse a sua água já não saía do Barreiro. Um grupo de sócios pegou no troféu da competição, encheu-o de água e, por coincidência, o Barreirense ganhou o torneio, goleando o Sporting, na final, por 5-1".
Os presidentes Luís Correia Matias, Jacinto Nicola, António Balseiro Fragata - grande impulsionador da construção do ginásio-sede e cunhado de Octávio Martins - foram alguns dirigentes preferidos, mas Manuel Lopes, actual presidente da Direcção, é um dos mais elogiados. "O senhor Lopes, homem de trabalho, é um grande amigo meu, um bom presidente".
Também foram muitos os craques do futebol admirados: Armando Ferreira, Zé Toupeira, Moreira, José Augusto, Corona, Simões, Artur Quaresma e Carlos Gomes, entre outros.
Na longa história do Barreirense destacam-se, igualmente, as rivalidades mantidas com vários clubes, sobretudo com o Desportivo Fabril - ex-CUF e Quimigal -, um clube do Lavradio, situado próximo da cidade do Barreiro. Octávio Martins recorda-se de uma vitória, frente ao inimigo de estimação, graças ao seu valioso contributo. "Na altura, nunca tínhamos ganho à CUF, em basquetebol. Com o jogo quase a acabar, lancei a bola à padeiro, como se dizia, e o esférico nem sequer bateu no aro. Vencemos por um ponto de diferença".
Por toda esta vasta dedicação, a Direcção do Barreirense vai, no próximo dia 11 de Abril - altura em que o clube comemora 90 anos de existência -, homenagear Octávio Martins, entregando-lhe um emblema de diamante, por uma filiação de 75 anos, que equivale ao estatuto de sócio número um. Cinco dias antes, a celebração vai, ainda, ser homologada em Assembleia Geral.
In "Record Online"
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