Desde 1975 que um ato eleitoral no clube não fomentava tanta disputa. As eleições são segunda-feira e o atual presidente, Hugo Máximo, concorre contra Valter Jorge
Os sócios do Barreirense decidem o futuro do clube na segunda-feira, num ato eleitoral que opõe o atual presidente Hugo Máximo, e candidato da Lista A, contra Valter Jorge, que encabeça a Lista F. E há algo que diferencia estas eleições da maioria das que ocorreram no emblema do Barreiro, isto é, a existência de mais do que uma lista. A última vez que tinha acontecido fora em 1975, há 49 anos.
Há situações que preocupam os dois candidatos. O responsável da Lista F aponta para a degradação das infraestruturas. “Precisamos que não chova na sede do clube e é necessária a substituição do relvado da Academia”, atirou Valter Jorge, problemas reconhecidos por Hugo Máximo. “Realmente, a Academia está degradada, mas o problema está prestes a ser resolvido. Quanto à sede, é algo que se arrasta há vários anos. Fizemos um protocolo com uma empresa que se comprometeu a resolver o problema.”
Outro assunto na ordem dia é a situação financeira. O opositor da atual Direção acusou-a de fazer “negócios ruinosos e de aumentar dívida em 500 mil euros”, algo refutado pelo adversário. “Até conseguimos baixar o ‘deficit’ em relação ao ano passado”, garantiu Máximo, apesar de reconhecer que a situação financeira é delicada. O recuo da dívida foi obtido graças ao mecanismo de compensação da FIFA pela transferência de João Cancelo, que começou a jogar futebol no Barreirense. “Somos o único clube do Distrito de Setúbal distinguido como Entidade de Formação 4 estrelas. Apesar das dificuldades, todas as equipas estão nos campeonatos nacionais”, defendeu o atual presidente.
Já Valter Jorge disse que “é urgente revitalizar as infraestruturas”, desde a “troca de relvados até aos balneários”, sugerindo a “utilização de outros recintos no município”. “Só assim podemos melhorar a formação, projetando-a para a equipa sénior”.
Portas fechadas a investidores
Com 24 presenças no escalão máximo do futebol nacional, a equipa sénior do Barreirense está agora no Campeonato de Portugal. Apesar das dificuldades financeiras e do sonho adiado de verem o clube em outros patamares, os dois candidatos rejeitam a entrada de investidores. “Somos humildes e donos do nosso nariz”, referiu Hugo Máximo, uma opinião partilhada por Valter Jorge. “A nossa equipa não quer que isso aconteça.” Com 27 pontos, o emblema do Barreiro é o atual quinto classificado da Série F do CdP.
Projetos
Hugo Máximo
Candidato da Lista A
“É preciso dar continuidade”
“Tenho 47 anos e sou empresário. Fiz parte das últimas duas Direções do Barreirense e comecei este mandato como vice, mas assumi a liderança em 2022, quando a então presidente Maria João Figueiredo renunciou. O poder não podia cair na praça pública e alguém tinha de ter coragem de assumir. Candidato-me porque é preciso dar continuidade ao projeto, nomeadamente ao que tem sido feito na formação. Temos projetado muitos jovens para clubes profissionais, um deles é o João Marques [Estoril, mas já assegurado pelo Braga para 2024/25]. Mais cedo ou mais tarde, teremos compensações financeiras por esses atletas. Nas modalidades temos conseguido títulos nacionais e regionais e o nosso basquetebol é cada vez mais procurado por causa do Neemias Queta”.
Valter Jorge
Candidato da Lista F
“Queremos salvar o Barreirense”
“Sou um bancário de 51 anos e respondi ao apelo de vários sócios, preocupados com a atual situação. Reunimos uma equipa de gestão coesa e fortíssima para resolver os problemas do clube. Queremos salvar o Barreirense das opções erradas e da repetição dos negócios ruinosos, como sucedeu entre 2005 e 2008, com a perda do nosso mítico campo D. Manuel de Mello sem o substituir por um complexo desportivo ajustado às necessidades do nosso clube. Precisamos também de infraestruturas desportivas adequadas àquela que deve ser a nossa ambição. Temos de fazer apostas claras e inequívocas na nossa formação de futebol e basquetebol, lembrando que este clube formou grandes valores, como João Cancelo e Neemias Queta”.
por Por Miguel Gouveia Pereira, fonte: https://www.ojogo.pt/3155393640/eleicoes-no-barreirense-ha-49-anos-que-nao-havia-dois-candidatos/
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