BARREIRENSE
David
Pereira - Quais são as principais diferenças que encontrou no clube,
entre a primeira vez que o representou (da década de 90 até 2002) e
agora? Sente que com as sucessivas descidas de divisão e a mudança de
estádio fizeram-no perder alguma mística?Bruno
Costa - As diferenças ao nível de infraestruturas são bem visíveis, não
existe comparação possível embora o Barreirense tenha no presente uma
Academia para o futebol de formação do clube que é uma mais-valia em
relação ao que nós tínhamos na altura (treinávamos no pelado da
Verderena ou então íamos para a "Escavadeira" a pé)... De facto o clube
está a tentar renascer mas as pessoas têm que se mentalizar que o
percurso vai ser longo e tem de ser feito lentamente porque novos passos
mal dados poderão pôr novamente em causa a sobrevivência do clube...É
evidente que o velhinho campo D. Manuel de Melo fazia e muito parte da
mística barreirense pois transportava consigo toda uma história do
clube, grandes jogadores o frequentaram, grandes grupos de trabalho
usufruíram desse espaço, grandes vitórias do clube se protagonizaram
nele...
A sua localização mesmo perto do centro da cidade, a maneira
como estava construído com o público muito perto dos atletas, as curtas
dimensões do terreno de jogo, o emblemático túnel, etc... Tudo fazia
parte da mística barreirense, agora a minha opinião é que de facto o
antigo campo estava de facto com grandes danos estruturais (quer nas
bancadas, como nos balneários, no posto médico, na rouparia, etc...) e
tinha de ser feito algo para que no futuro o clube tivesse um espaço
desportivo para a prática do futebol e se possível com melhores
condições. Porque se de facto o atual campo da Verderena tivesse ficado
como seria para ficar, acredito que todos os barreirenses iriam sentir
orgulho nele e provavelmente hoje em dia nem se falaria muito do Campo
D. Manuel de Melo. O problema é que aconteceu a demolição do campo D.
Manuel de Melo e não se construiu o novo campo, as equipas de futebol
sénior do clube tiveram duas descidas de divisão seguidas, depois o
futebol sénior teve um ano a jogar no pelado da Verderena e um ano a
jogar em campos alugados (Paio Pires, Quintajense, Rosário, etc..) o que
afastou muitos sócios e adeptos de acompanharem o clube, as constantes
noticias das dificuldades do clube, etc... tudo isso foi afastando e
desacreditando um pouco todos os barreirenses. É normal que as pessoas
identificassem um pouco o Barreirense mais pelo seu campo e pela
presença habitual nas competições nacionais onde estavam inseridos, mas a
mística do barreirense nunca desaparecerá e desde que o clube esteja
rodeado por verdadeiros barreirenses e gerido por pessoas competentes e
honestas a "chama" da esperança e da fé do clube estará sempre acesa à
procura de conquistas.
DP
- Algum clube se mostrou interessado nos seus serviços na temporada que
se avizinha, tentando desviá-lo da renovação pelo Barreirense? BC
- Tive três abordagens de clubes do nosso distrito, o que me deixou
honrado, aos quais simpaticamente agradeci e esclareci que a minha ideia
desde que consegui regressar ao Barreirense sempre esteve bem definida.
DP - O que lhe pareceu os reforços para esta época? O que cada um deles pode trazer de novo à equipa?BC
- Relativamente aos reforços ainda não deu para ver muita coisa, pois
os treinos nesta altura estão praticamente virados para a componente
física. De qualquer forma no pouco que me apercebi penso que o David
Pinto (bom tecnicamente), o Marcio Diéb (veloz e desequilibrador), o
Lampreia (forte fisicamente e com atitude) são jovens com qualidade
suficiente para nos ajudarem nos nossos objetivos... O Monzelo dispensa
de apresentação, pois é sem duvida um atleta e um homem que nos irá
ajudar e muito com o seu valor futebolístico e a sua experiência... os
ex-juniores que eu já conhecia da época passada, o Fábio Fragoso e o
Ivan Tavares a quem lhes auguro um futuro promissor caso continuem a
trabalhar com a mesma humildade e seriedade como o tem feito pois
reconheço neles qualidades futebolísticas para isso. No fundo, espero
que todos eles consigam ser felizes aqui no clube desfrutando do prazer
de jogar futebol dignificando e honrando o clube ao máximo e que eles
próprios depois no futuro tirem dividendos da época eventualmente
positiva que venham a fazer.
DP - Quais são os objetivos do coletivo para 2012/2013? E os seus em particular?BC
- Dos atletas passa por darmos o nosso melhor em cada jogo que iremos
fazer, querendo nós sair de consciência tranquila em todos os jogos pois
quem enverga esta camisola tem de sentir uma grande dose de
responsabilidade e seriedade na abordagem a todos os desafios. Os meus
são praticamente idênticos aos da equipa, sabendo que com toda a
naturalidade tenho a função de continuar a transmitir os valores e a
mística barreirense.
DP
- O facto de o Campo da Verderena ainda não ter balneários e de a
equipa poder ter que jogar num outro recinto, poderá atrapalhar o
concretizar desses objetivos?BC
- Em relação a essa situação do campo foi nos dito pela voz do
Presidente no dia da apresentação que muito provavelmente só não iríamos
jogar na Verderena nos 3 primeiros jogos das provas oficiais desta
época, como tal se assim for não vejo razões para alarmismos. Se isso
não acontecer, aí sim penso que será negativo porque já tínhamos
conquistado novamente o apoio de muitos sócios e adeptos e não estou a
ver (espero me enganar) todos eles a nos acompanharem para qualquer
campo alugado que joguemos. No entanto penso que a nossa direção tem
conhecimento disso perfeitamente e estará a mover-se no sentido de pôr a
equipa a jogar perante os seus adeptos na sua própria cidade o mais
rápido possível.
DP - Sente saudades do Campo D. Manuel de Mello? BC
- Recordo com nostalgia os muitos e bons momentos vividos no D. Manuel
de Melo. Foram anos magníficos mas... que passaram! Porque o futuro do
F.C. Barreirense passa pela Verderena e pela conclusão do campo, mais
respectivamente dos balneários, do posto médico, da rouparia, da
iluminação, das bancadas e do muro em volta do campo... Porque se isso
acontecer não tenho duvidas que o Barreirense irá voltar ao lugar que
merece, sem necessidade de se cometer erros financeiros para tal fim.
DP
- Pensa que algum dos seus colegas do Barreirense tem capacidade para
ambicionar ainda jogar em campeonatos profissionais? Se sim, quem?BC
- Sim, na minha perspetiva temos pelo menos três jogadores que para mim
podiam já perfeitamente integrar outros plantéis noutros campeonatos de
divisões superiores. O Vasco Campos para mim é um jogador que jogava na
grande maioria das equipas da Liga de Honra e algumas da I Divisão, o
Miguel Gomes é um jovem com muito potencial que se continuar a evoluir
como até aqui também pode aspirar a outros patamares, o João Bailão é um
jovem com muita qualidade técnica e tática que encaixaria em muitas
equipas de escalão acima do nosso... Depois vou esperar para ver pela
evolução de um João Racha (um pé esquerdo excelente mas falta-lhe
consistência e um pouco de agressividade)...Temos ainda mais uns jovens
com qualidade (Lampreia, Márcio Diéb, David Pinto, Ivan Tavares,
Fragoso, Jorge Palma, Kaká e Daniel Lourenço) que precisam de ganhar
"estaleca" treinando e jogando para continuarem a sua evolução
futebolística. Podia em termos de qualidade falar noutros colegas meus
também, mas penso que não pela idade mas acima de tudo pelas suas vidas
profissionais que não iriam equacionar fazerem mudanças para um local
onde o profissionalismo fosse maior e as exigências horárias também.
DP - O Bruno já tem imensos anos de casa, e é dos mais experientes do plantel. Sente-se uma espécie de capitão sem braçadeira?BC
- Entendo a tua questão. Primeiramente é normal (digo eu) que um atleta
que tem 17 épocas no clube (talvez já tenha realizado 500 jogos com a
camisola do Barreirense), que já viveu inúmeras épocas ao serviço deste
clube sinta o clube de uma maneira totalmente diferente e sinta também
uma maior responsabilidade para com o clube que outros colegas meus. Não
me sinto um capitão sem braçadeira e nem quero falar muito sobre isso,
até porque o nosso capitão David Martins merece o meu maior respeito e
representa esse cargo na equipa com muita dignidade. A mim compete-me á
semelhança do ano passado contribuir com a minha experiência,
honestidade e amizade (transmitindo alguns valores existentes do clube)
para o bom funcionamento e bom ambiente no grupo de trabalho, porque o
mais importante são os interesses do clube.
DP - Quais as principais qualidades de Duka enquanto treinador?BC - As principais qualidades são idênticas às de quando era jogador - Honesto, Frontal, Carácter!
DP - Que opinião tem sobre a massa associativa do Barreirense, e em particular, sobre a claque, a Brigada Camarra?BC
- A massa associativa barreirense sempre foi e sempre será exigente, o
que acaba por ser natural num clube com o seu historial. Mas até essa
exigência dos barreirenses faz parte da mística do clube. Sobre a
Brigada Camarra, já lhes agradeci pela iniciativa de formarem uma claque
para apoiarem o clube. Lembro-me de á uns anos a célebre Brigada
Roulotte nos apoiar em massa no D. Manuel de Melo, a camisola do
Barreirense ocupava uma grande parte da bancada... O apoio era
fantástico e frenético! E espero que de futuro o mesmo possa se dizer da
Brigada Camarra, eles que tem grande mérito por se organizarem e
resolverem apoiar o clube quando este se encontrava numa crise
desportiva. São jovens e são dinâmicos e a eles lhes agradeço novamente
todo o acompanhamento dado á equipa ao longo da época passada esperando
que o mesmo continue para esta época. Mas também tenho a noção de que
nos tempos que correm se não tiverem algum apoio (logístico ou
financeiro) será difícil crescerem como claque organizada ou mesmo até
se manterem.
DP - O Barreirense vai jogar na Série E. Pensa que será desportivamente mais benéfico?BC
- Penso que é opinião unânime que a Serie E é mais favorável
financeiramente para o F.C. Barreirense. No aspeto desportivo não sei,
até porque não tenho muitos conhecimentos sobre as equipas da III
Divisão tanto na Serie E como na Serie F para poder dar uma opinião
válida.
DP
- Curiosamente, na primeira jornada, encontrará o Amora, que ficou em
3º lugar na época na Distrital de Setúbal. Como é para vocês, que
lutaram até ao último jogo pela subida, taco-a-taco, com o Vasco da Gama
de Sines, sempre com uma margem de erro reduzida, verem o Amora a subir
pelas razões que se conhecem? BC
- Para nós é nos completamente indiferente a maneira como o Amora
subiu. Isso são situações que nos ultrapassam, o que posso dizer é que o
Amora era uma das melhores equipas da distrital do ano passado e se
manterem a mesma equipa irão ser uma agradável surpresa para muita
gente. Mas penso que todos concordarão que tem muito mais prazer para
todo um grupo de trabalho e é muito mais meritório para um clube subir
terminando a época no 1º lugar da tabela classificativa e receber as
respetivas medalhas e troféus enriquecendo o palmarés tanto do clube
como dos atletas.
DP
- Esta época, será travado o "derby" do Barreiro. Com tantos anos de
Barreirense, esta será a primeira vez que enfrentará o Fabril em jogos
oficiais. O que estas partidas terão de especial? BC
- Para mim será a primeira vez que irei defrontar o Fabril em provas
oficiais. Certamente serão jogos em que todos os intervenientes
procurarão dar o melhor de si, querendo ambos conquistar o mesmo
objetivo que é a vitória.
DP
- Mas antes de o campeonato começar, há um encontro para a Taça de
Portugal contra o Oeiras. O que conhece dessa equipa? O plantel está
confiante de que pode ultrapassar esse primeiro obstáculo?BC
- Para te ser sincero não conheço quase nada sobre o Oeiras. Conheço o
valor de dois atletas o Nuno Abreu (que é meu amigo pessoal) e o Lima
que são dois centrais muito experientes na defesa, fortes na marcação e
no futebol aéreo e que transmitem uma grande atitude em campo aos seus
colegas. O Oeiras subiu de divisão o que só por si já é um indicador da
qualidade existente no plantel. O nosso plantel está acima de tudo
confiante que pode fazer um bom jogo e queremos desfrutar do prazer de
participar numa eliminatória da Taça de Portugal contra uma equipa de
divisão superior o que também irá servir de um teste de dificuldade
elevado para o nosso campeonato.
DP
- Em 2010/2011, o Bruno subiu à III Divisão com o Olímpico do Montijo, e
uma época depois, repetiu a façanha com o Barreirense. Qual foi a
subida que lhe deu mais prazer? O que tiveram de diferente uma da outra?
BC
- Essa pergunta é fácil de responder pois como é evidente uma subida de
divisão pelo clube do nosso coração terá obrigatoriamente de dar muito
mais prazer, embora tenha de reconhecer que os festejos da subida de
divisão pelo Olímpico tenham sido mais intensos e tenha tido um
envolvimento maior por parte dos adeptos aldeanos.
DP - O que sentiu nas ocasiões em que defrontou o Barreirense?BC
- É complicado de responder pois é um misto de sentimentos. Por um lado
o nosso profissionalismo, o nosso carácter e responsabilidade em prol
de uma equipa e dos seus objetivos e por outro um clube no qual
crescemos e em que sentimos que fazemos parte dele. Deixa-me dizer-te
que penso que defrontei o Barreirense por sete vezes. Uma quando estava
no Louletano e vencemos no D. Manuel de Melo (0-1), duas vezes ao
serviço do Pinhalnovense no qual perdemos no D. Manuel de Melo (2-0) e
depois vencemos no Campo Santos Jorge (3-0) e as ultimas quatro vezes ao
serviço do Olímpico do Montijo no qual perdemos uma vez, vencemos outra
e empatámos por duas vezes. Como devem calcular nunca senti prazer em
defrontar o Barreirense e muito menos festejar qualquer golo ou vitória
sobre o mesmo.
CARREIRA
DP
- Qual foi o melhor central com quem partilhou o eixo defensivo de uma
equipa? E o guarda-redes que lhe transmitiu maior segurança?BC
- Tive o prazer de ter partilhado o eixo defensivo de algumas equipas
com grandes centrais. Posso enumerar alguns como Duka, Kali, Carreira,
Paulo Fonseca, Nuno Abreu e ultimamente Valter Fortes (que se não fossem
as lesões teria certamente feito outra carreira desportiva)...
Guarda-redes vou enumerar o Soares, o Paulo Renato e o Nuno Carrapato.
DP - Quais foram os atacantes de quem recorda os duelos mais intensos?BC
- Ao longo destes anos todos houve tantos duelos intensos que tive de
enfrentar que é difícil e seria injusto destacar apenas este ou aquele
adversário.
DP - Quais foram os melhores amigos que fez no futebol? E os melhores jogadores com quem partilhou o balneário?BC
- Fiz centenas de boas amizades na minha carreira mas destaco Nuno
Abreu (atualmente no Oeiras), Tomás Monteiro (vive e trabalha na Suécia)
e Miguel Sequeira (vive e trabalha em Moçambique)... Os melhores
jogadores Hugo Cunha, José Pedro, Tomás, Pateiro, Pedro Xavier, Rui
Dionísio e mais recentemente Héldon.
DP
- Em 2002/2003, representou o Penafiel, então na Segunda Liga. Foi o
momento mais alto da sua carreira? O que faltou para ter voltado a
atingir esse patamar?BC
- Sim, no aspeto desportivo foi o ponto mais alto da minha carreira.
Quando cheguei á II liga já tinha 27 anos, e depois de ter tido um
desentendimento com o treinador do Penafiel da altura rescindi a meio da
época e fui para o Louletano que representava a II B. Depois já
começou a ficar "tarde" para regressar à II liga, penso mesmo que devia
era ter chegado à II Liga mais novo mas também cometi erros que levaram a
essa situação e por isso é que também sou mais exigente com os meus
colegas mais jovens, para não cometerem os erros que cometi. Embora seja
difícil porque com 20 anos pensamos que sabemos tudo e depois há
oportunidades que só passam uma vez pela nossa vida.
DP
- Nas temporadas de 2004/2005 e 2005/2006 jogou pelo Pinhalnovense, um
clube de uma terra mais pequena, mas que tem sido nos últimos anos o
segundo melhor representante do distrito de Setúbal no futebol sénior.
Qual é o segredo para esse sucesso? E vendo as coisas de outra forma, o
que pensa que tem faltado para subir aos escalões profissionais, como
tem ameaçado por diversas vezes?BC
- O sucesso penso que acima de tudo deve-se ao aparecimento do Amândio
Dias (ex-Presidente) na liderança do clube e também ao apoio financeiro
que na altura a Câmara Municipal de Palmela dava ao clube. O Sr. Amândio
Dias para além de ajudar financeiramente o clube era um excelente
dirigente que exigia muita seriedade, rigor, atitude e ambição a todos
os funcionários do clube. Depois a qualidade humana e futebolística
existente nos plantéis que por lá tem passado aos quais tem faltado na
reta final dos campeonatos serem mais regulares aliado como é evidente à
falta da estrelinha da sorte.
DP - De todos os clubes por onde passou, qual foi o clube no qual se sentiu mais acarinhado? E qual foi a pior experiência?BC
- Mais acarinhado no F.C. Barreirense, Olímpico do Montijo e no
Caniçal. A pior experiência desportiva foi obviamente no Penafiel pelo
facto do problema interno que tive com a equipa técnica o que desde logo
resultou na minha pouca utilização na II Liga (penso que fiz 9 jogos
até Dezembro, altura em que rescindi). Mas convém dizer que tanto a
direção como os seus adeptos sempre me trataram muito bem e deixei lá
amizades.
DP - As lesões já condicionaram o seu percurso desportivo?BC - Felizmente nunca tive lesões que me obrigassem a estar muito tempo inativo.
DP - Que treinador o marcou mais pela positiva? E pela negativa?BC
- Pela positiva o Mister Luis Norton de Matos (atualmente treinador do
S.L. Benfica B) e Mister Jean Paul (atualmente coordenador da futebol
jovem do Sporting Clube de Portugal), que já tinham metodologias de
treino e um conceito sobre o futebol muito evoluídos para o que era
hábito nessa altura nos treinadores de futebol e Mister José Rachão pela
maneira extraordinária como "lia" o jogo do banco de suplentes e também
pelo muito que me ensinou.Há ainda os Misters Luís Vasques e Bandeira da formação.
DP - Porque tomou a decisão de aos 34 anos abandonar o profissionalismo?BC
- Porque por nessa altura o futebol a nível secundário começou a
"estoirar" financeiramente e já não justificava estar completamente
dedicado ao futebol e ser profissional dessa modalidade e também porque
já tinha 34 anos e estava na altura de me agarrar a outra atividade
profissional prevenindo o futuro.
DP - Quantos anos ainda veremos Bruno Costa a praticar futebol?BC
- Sinceramente não sei. Irá sempre depender da minha atividade
profissional e da minha disponibilidade física e mental além dos níveis
de motivação para os treinos e jogos. Uma coisa garanto, jamais me
"arrastarei" dentro de campo!
DP - Depois de pendurar as botas, pretende seguir carreira de treinador, ou até mesmo de dirigente?BC
- Nunca pensei muito nisso sinceramente, tanto que nunca tirei o curso
de treinador até aos dias de hoje. Gostava de continuar ligado ao
desporto mas ainda não me debrucei sobre esse assunto para saber qual a
secção que eu entendo que podia ser mais útil a um clube para transmitir
muito da experiência e dos conhecimentos acumulados ao longo da minha
carreira. Mas para já preocupo-me apenas em representar os interesses do
clube o melhor que sei como atleta.
FUTEBOL NA ATUALIDADE
DP - Como avalia o fim da III Divisão?BC
- Eu concordo que algo tinha de ser feito pois a situação financeira
dos clubes piorou e muito nos últimos anos devido a quebras das
receitas, devido também aos elevados custos de deslocações das equipas,
mais os elevados custos das inscrições dos atletas, devido ainda aos
pagamentos das taxas de jogos e ao respetivo policiamento do recinto, á
falta de apoios financeiros das autarquias e das empresas regionais,
etc... Em 80% dos jogos em Portugal os clubes não tem receitas sequer
para as despesas dos mesmos. Porém, penso que a transição para estes
moldes competitivos não devia ser drástica porque sobrecarrega muito os
clubes não justificando que em cada série subam apenas os dois primeiros
e as restantes dez equipam desçam às distritais. Aliás, tenho o
pressentimento que com esta alteração imediata a partir de Dezembro
ainda mais clubes da 3ª Divisão não irão honrar os seus compromissos.
Esperemos para ver...
DP - Como vê a situação de muitos clubes sem argumentos financeiros para continuarem a competir?BC
- Com muita apreensão e preocupação. Porque o desporto e principalmente
o futebol em Portugal é uma atividade onde milhares de jovens ocupam os
seus tempos livres e onde para além do proveito da prática do exercício
físico tem também uma vertente educativa no crescimento dos jovens. Ora
com muitos clubes a fecharem as portas isso vai se refletir em cada vez
menos locais para os jovens praticarem futebol federado, ocupando o seu
tempo livre fazendo o que gostam e na grande maioria na procura do
próprio sonho. Porque nessa idade desde que conscientemente é bom
sonharmos estabelecendo objetivos e lutarmos por aquilo que idealizamos
seja em que área for...
DP
- Sendo o Bruno natural do concelho da Moita, e tendo um percurso
futebolístico no Barreiro, que opinião tem sobre o regresso do
Banheirense?BC
- É um acontecimento que saúdo e que vejo com satisfação um regresso
ao passado e à tradição do futebol na Baixa da Banheira onde nasceram
grandes nomes do futebol português tendo no presente como chefe do
departamento do futebol uma das grandes referências banheirenses no
mundo do futebol "Jorge Martins". Desejo todo o sucesso para a estrutura
diretiva da U. Banheirense que conseguiu este feito e um cumprimento
especial ao Filipe Beja pelo seu esforço e dedicação total ao clube.
DP
- Um dos seus ex-colegas no clube, Hugo Cunha, viria a ser um caso de
morte súbita no desporto nacional. Na altura, como reagiu à notícia?
Sente que os fantasmas relacionados com esses falecimentos espontâneos
assombram as cabeças dos futebolistas?BC
- Na altura como deves calcular foi um grande choque a notícia e motivo
de grande tristeza. Embora já não tivéssemos habitualmente porque ele
depois de assinar pelo S.L. Benfica foi para o Campomaiorense,
seguidamente esteve para aí umas quatro épocas em V. Guimarães e depois
foi para o U. Leiria, ou seja, perdemos um pouco o contacto mas quando
nos víamos recordávamos sempre os anos magníficos em que fomos colegas
no F.C. Barreirense e falávamos como estava o presente de cada um de nós
o que é habitual acontecer entre colegas de equipa. Para além de um
grande atleta era sem dúvida alguma um extraordinário Ser Humano com uma
grande personalidade e o seu falecimento deixou-nos muito mais pobres
em termos humanos. Os atletas assim como a grande maioria das pessoas
das várias áreas profissionais e na vida quotidiana só pensamos e nos
lembramos dessas situações quando acontece algo fatídico no momento. Mas
não é só no desporto que acontece essas situações... Podemos tomar
atitudes preventivas (exames regularmente, ter mais atenção com o estilo
de vida que se leva, etc...) mas o corpo humano é muito complexo e como
eu costumo dizer que há coisas inexplicáveis que acontecem e que pode
acontecer a qualquer um de nós a qualquer altura.
DP
- Embora o Barreirense seja conhecido como o seu clube do coração,
também nutre um carinho pelo Benfica. O que tem faltado aos encarnados
para serem campeões mais vezes? Os bons resultados na pré-época podem
ser um indicador de que 2012/2013 será a época de regresso aos títulos?BC
- É verdade que para além do meu clube (F.C. Barreirense), sinto
carinho e sou adepto do S.L. Benfica. Aliás clube que representei
durante 9 anos na modalidade de Futebol Praia. Penso que tem faltado é
talvez serem mais fortes na sua globalidade que o atual campeão (F.C.
Porto) e manterem a regularidade exibicional ao longo de toda a época.
Uma coisa que tenho notado no Benfica nas últimas épocas é a deficiência
física da equipa nas últimas 10 jornadas do Campeonato Nacional o que é
preocupante visto ter-se repetido em todas as épocas com esta equipa
técnica no comando da equipa, porque em termos de qualidade do plantel o
Benfica está ao nível do F.C. Porto.
DP - Quem é o melhor jogador em Portugal na posição do Bruno Costa (defesa-central)? E no Mundo?BC - Em Portugal o Otamendi (F.C. Porto). No mundo atualmente é o Pepe (Real Madrid).
DP - Qual é o seu onze ideal de todos os tempos?BC
- Buffon (Itália), Cafú (Brasil), Beckenbauer (Alemanha), Roberto
Carlos (Brasil), Zidane (França), Diego Maradona (Argentina), Lionel
Messi (Argentina), Cristiano Ronaldo (Portugal), Pelé (Brasil), Eusébio
(Portugal), Ronaldo (Brasil)...E como num jogo de futebol não participam
só 11 jogadores... Ainda tinha Iker Casillas (Espanha), Franco Baresi
(Itália), Ronaldinho Gaúcho (Brasil), Luis Figo (Portugal), Cruijjf
(Holanda), Bobby Charlton (Inglaterra) no banco de suplentes e
treinados por José Mourinho (Portugal)
DP - Que opinião tem sobre a página no facebook "Futebol no Barreiro" (https://www.facebook.com/FutebolNoBarreiro)?BC
- Saúdo esta iniciativa cibernauta e penso que é positivo haver um
espaço em que se fale e promova o desporto do Barreiro (tanto os clubes
como os atletas), um espaço onde haja informação constante atualizada e
onde todos possam se informar e opinar sobre todos os assuntos
relacionados com o futebol no Barreiro.
Nome: Bruno Manuel Durão da Costa
Data de Nascimento: 29 de Agosto de 1974 (38 anos)
Naturalidade: Alhos Vedros, Moita
Nacionalidade: Portuguesa
Posição: Defesa-central
Altura: 188 cm
Peso: 83 kgs
Clube atual: FC Barreirense (desde 2011/12)
Clubes anteriores:
FC Barreirense (1993/94 a 2001/02 e 2006/07), Penafiel (2002/03),
Louletano (2002/03), União Micaelense (2003/04 e 2005/06), Torreense
(2003/04), Pinhalnovense (2004/05 e 2005/06), Caniçal (2007/08 e
2008/09) e Olímpico Montijo (2009/10 e 2010/11).
In http://davidjosepereira.blogspot.pt/2012/08/entrevista-bruno-costa-barreirense.html
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