Paulo Fonseca não poupa elogios às condições de trabalho que encontrou no clube de Paços de Ferreira...
FC Porto, Benfica ou Sporting, qual destes clubes preferia vir a treinar?
(Ricardo Silva, Leiria)
PF - Todos eles! É difícil um treinador na minha situação dizer “não” a qualquer um desses clubes. Não escondo isso.
Tem algum clube de eleição/coração?
(Pedro Oliveira, Guarda)
PF - O Barreirense! É o meu clube do coração. É óbvio que enquanto jovens temos uma ou outra paixão e eu não fui diferente. Tinha um vizinho que me levava a ver os jogos do Sporting, tive também um período em que tinha uma grande admiração pelo FC Porto, o meu cunhado é benfiquista e também me influenciava…mas o meu coração é a 100% do Barreirense.
O seu trabalho no Paços é muitas vezes comparado com o de Mourinho em Leiria. Como reage a esta comparação?
(António Lucas, Lisboa)
PF - Isso é muita responsabilidade. Essa comparação talvez tenha a ver com o trabalho que o Mourinho fez em Leiria mas, nem de perto nem de longe, quero comparar-me a ele pois ele é um treinador do outro Mundo, de outro nível. Acredito que um dia posso chegar a um nível semelhante, mas Mourinho é Mourinho.
O que mudou no Paços com a sua chegada?
(Miguel Dias, Felgueiras)
PF - Em termos estruturais nada mudou. Grande parte do plantel já vinha da época passada. O que aconteceu foi um despertar de mentalidades. Principalmente os jogadores perceberam que o Paços merece que se lute por mais que a simples permanência na 1.ª Liga. Este é um clube cumpridor, afetuoso e não merece todos os anos ser envolvidos nessa luta.
Qual é a Liga que aprecia mais?
(Pedro Santos, Braga)
PF - Gosto particularmente da Liga espanhola, gosto da Liga inglesa, que não será tão rica quanto a espanhola em termos táticos, mas é de grande espetacularidade. Também gosto muito da Liga alemã. O futebol alemão evoluiu muito taticamente. Quanto à Liga italiana, considero-a atrativa na componente tática, mas não é muito atrativa como espetáculo.
Qual é o segredo do Paços para tantos sucessos alcançados?
(Pedro Ferreira, Guimarães)
PF - A ambição e a união. O que nos faz ganhar é o facto de funcionarmos em equipa.
Ser
treinador de futebol, como muitas vezes dizem os profissionais da área,
não é apenas escolher a equipa que vai jogar em cada jogo. Sendo assim,
o que é preciso para se exercer a profissão? Que outras competências
(para além das técnicas e conhecimentos futebolísticos) têm de ter os
treinadores?
(Carlos Almeida, Vila Nova de Gaia)
PF - Para já é necessário uma grande dedicação. Pode-se pensar que basta chegar aqui, por os jogadores a correr e escolher a equipa ao fim de semana. Não digo que passamos 24 horas dedicados a isto mas grande parte do tempo é dedicado ao nosso trabalho. Quantos às outras competências, o grande desafio dos treinadores tem mais a ver com questões de liderança que com a tática ou a preparação física. A maioria dos treinadores está preparada tecnicamente. O que faz a diferença são questões de pormenor na forma como trabalhamos. Para mim a liderança é fundamental. Mas o que é a liderança? Liderar é influenciar positivamente comportamentos, não é mandar. As pessoas que trabalham comigo sabem que têm de ser parte ativa neste processo. O treinador hoje tem de ter uma grande capacidade para avaliar todos os momentos da equipa e influenciar positivamente.
Quando entrou nesta aventura quais eram as suas expectativas? Alguma vez esperou levar esta equipa ao 3.º lugar?
(José Venâncio, Lisboa)
PF - Nenhum de nós imaginava que fosse possível. O que nos foi proposto foi que a equipa não passasse pelos sobressaltos que passou na época passada, quando virou para a 2.ª volta apenas com 9 pontos, para depois, com o professor Henrique Calisto, fazer uma 2.ª volta tremenda. Não queríamos voltar a passar por esses momentos. Foi isso que me foi proposto: fazermos um campeonato tranquilo. Evidentemente, o que estamos a fazer está a exceder todas as expectativas.
Muita
gente atribui o sucesso do Paços à organização do clube. Pode
indicar-nos como é posta em prática essa organização no seu quotidiano?
(Hugo Lopes, Ponte de Sor)
PF - É algo que se respira aqui. Nada nos falta em termos de condições de trabalho e além de nada faltar temos sempre um acompanhamento muito grande da parte de quem dirige, o que passa por criar relações muito próximas, o que é altamente positivo para a equipa. São coisas simples e naturais que deviam ser normais em todos os clubes. Sinto-me plenamente satisfeito com tudo aquilo que a direção nos proporciona neste período de grande crise, com o Paços a assumir-se como um grande exemplo.
Como reage às últimas notícias que o dão como provável treinador do Sp.Braga na próxima temporada?
(Luís Henrique Fernandes, Almoçageme)
PF - Não reajo porque nada existe nesse aspeto. Foi uma notícia que surgiu num jornal. Incomoda-me pois tenho uma grande admiração pelo José Peseiro. Ninguém do Sp. Braga me contactou nesse sentido. Tenho mais um ano de contrato com o Paços de Ferreira.
As apostas desportivas são o maior problema do futebol moderno?
(Rui Alves, Grijó)
PF - Não sei. É um tema sobre o qual não tenho grande conhecimento. Confesso que já apostei, mas o que vejo é que cada vez há mais pessoas a apostar. Há muitas pessoas já viciadas nas apostas, o que me deixa admirado. Quanto à influência que as apostas podem ter no resultado, acho que em Portugal não é um problema.
Portugal vai estar no Mundial do Brasil?
(Paulo Alves, Alcanena)
PF - Sinceramente, acredito. Os últimos resultados não abalaram a minha crença. Temos conseguido sempre os apuramentos e desta vez, com maior ou menor dificuldade, também vamos conseguir. A nossa Seleção não vai ficar de fora deste Mundial.
In http://www.record.xl.pt/Entrevistas/interior.aspx?content_id=805463
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