(foto arquivo)
Foi praticamente um jogo sem história, aquele realizado numa quarta-feira, a 26 de julho, o benfica apresentou-se muito forte, apoiado por uma falange de apoiantes entusiasta e ansiosa pela reconquista de um título nacional, que não viria a concretizar-se ainda naquela época. O Barreirense apresentava-se aos seus sócios e simpatizantes com apenas 3 dias de trabalhos.
Vamos recordar aqui alguns excertos de crónicas saídos nos Jornais:
«BARREIRO,
terra à qual o futebol português deve algumas das
figuras mais importantes da sua história, provou quarta-feira
que continua a ser um sítio especial quando de futebol se
trata.
O velho D. Manuel de Melo encheu-se para receber o
Benfica mas, acima de tudo, para matar saudades de tempos já
distantes em que a I Divisão não passava sem o perfume
do talento de gente que acabou nos grandes clubes, na selecção
e em todas as enciclopédias que se possam fazer do jogo no
nosso país.
Esta introdução serve apenas
como recordação de tempos que já lá vão,
tempos que não se sabe quando (e se) voltarão a
repetir-se. O Benfica venceu o jogo - outra coisa não seria de
esperar -, mas o mais importante terá sido a forma como
ganhou. Entrou bem mas não marcou logo, baixou a produção
e sentiu o generoso entusiasmo do adversário, mas acabou por
ditar as suas leis com naturalidade.
Acima de tudo, a partida
de quarta-feira com o Barreirense confirmou alguns aspectos
importantes nesta fase de arranque da época. Em termos
tácticos, por exemplo, Jupp Heynckes (que esteve ausente)
parece definitivamente disposto a mudar o sistema utilizado a época
passada. Com Pierre van Hooijdonk mas sem Nuno Gomes, sem João
Pinto mas com mais soluções para os flancos (Carlitos)
e mais gente capaz de actuar na zona central (Miguel), o técnico
alemão poderá arrumar a equipa de forma a tirar o
máximo partido do elemento que já se transformou no
grande ídolo dos adeptos: Sabry.
Na prática, a
equipa jogou quarta-feira - como de resto já fizera frente ao
Lyon - em 4x3x3, com Van Hooijdonk sozinho na frente de ataque,
Poborsky encostado à direita, Toy na esquerda e um trio na
zona central do meio-campo composto por Kandaurov, Chano e Miguel,
elementos que se fizeram notar pela forma como rodaram constantemente
de posição, com a noção básica de
que o importante era a ocupação do espaço. »
Barreirense frente ao Benfica: Operários febris
A recepção ao Benfica deixou em polvorosa a equipa da cidade operária. José Rachão quis, por isso, dar um prémio aos seus jogadores, permitindo a todos a hipótese de actuar.
O ritmo de substituições foi, pois, febril, sobretudo na segunda parte, não dando tempo a que alguém se pudesse destacar, entre os 20 que estiveram em campo. Seja como for, saliente-se o reforço Paulo Lopes, o guarda-redes cedido pelo Benfica, que, apesar dos cinco golos sofridos, teve exibição digna, bem como toda a formação titular. Na defesa, Farinha, Monzelo e Bruno Costa (marcador pessoal de Hooijdonk) foram evitando o pior, até terem forças, e apenas Miranda teve o azar de se deparar com Poborsky.O "trinco" Miguel e o médio Carlos Alberto foram implacáveis no desgaste dos médios adversários, enquanto os hábeis José Pedro e Rui Dionísio jogavam mais soltos, na tentativa de servirem os possantes Chevela e Adriano, quarta-feira o melhor elemento do Barreirense. Com a segunda parte vieram as substituições e o seu futebol perdeu consistência e notoriedade, mas deu indicações que vai fazer uma boa II Divisão B.»
«GOLOS
0-1
Chano lançou Poborsky, que por sua vez entregou a Van
Hooijdonk. O holandês recebeu de costas, deu para trás,
surgindo Miguel na zona frontal a rematar forte, rasteiro e sem
hipóteses.
0-2 Lance do lado direito do ataque
benfiquista, entre Miguel e Poborsky. O checo esperou pelo momento
certo e executou passe para a boca da baliza, onde Van Hooijdonk
apareceu a desviar.
0-3 Paulo Lopes derrubou Poborsky na
grande área. Grande penalidade indiscutível,
transformada por Kandaurov. O remate saiu para a direita do
guarda-redes.
0-4 Jogada de entendimento entre Maniche e
Poborsky, culminada com óptimo cruzamento para a cabeça
de Miguel, que não perdoou, na cara de Paulo Lopes.
0-5
Canto na direita apontado à maneira curta. Carlitos encheu o
pé esquerdo e rematou fortíssimo, levando a bola a
bater na barra e a entrar. »
«TREINADOR
DO BARREIRENSE
José
Rachão quer Benfica campeão
José
Rachão, treinador do Barreirense, tem um desejo pessoal que
não escondeu, quarta-feira, no final da partida: que o Benfica
se sagre campeão na época que está prestes a
iniciar-se.
Quanto à partida, Rachão lembrou
que o Benfica está numa fase mais adiantada da preparação
e que continua a dispor de "uma grande equipa".»
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