“O Barreirense tem um papel social a cumprir na sociedade do Barreiro e este espaço é essencial para isso"

Academia de Futebol inaugura a 21 de Março com Torneio e actividades para os mais jovens

“Temos de construir infra-estruturas que por si só possam gerar receitas”

A poucos dias da inauguração da Academia de Futebol, que abre as portas a 21 de Março, Manuel Lopes fala com entusiasmo dessa infra-estrutura que considera ser um passo importante para a sustentabilidade do Clube. E depois de 12 anos à frente do Barreirense, considera: “O momento que mais me vai marcar será a inauguração deste espaço”. Um espaço que diz vir cumprir um importante papel social: “Com certeza que vai criar Homens mais felizes e melhor formados, para que o Barreiro possa ser também uma melhor cidade”. E ainda quanto ao futuro, aguarda também com esperança, a que não finda, pelos projectos para o Barreiro “que possam também criar condições para apoiar o Clube de forma mais substancial.”

“É com satisfação que vimos realizado este sonho”

Como vê a concretização de um sonho já de muitos anos, que é a Academia de Futebol do Barreirense?
“É uma ambição que o Clube tem há muito, que passa pela melhoria das condições de trabalho para todos os escalões que disputam as actividades do Clube, quer no futebol, quer no próprio basquetebol. Esta primeira fase, que é a concretização de um espaço para os mais jovens, está praticamente concluída e é com satisfação que vimos realizado este sonho, onde vamos ter melhores condições para os jovens e que nos vai permitir, talvez, triplicar o número de praticantes. Vai permitir também pôr este espaço ao serviço da população do Barreiro, porque a nossa pretensão é que este espaço possa ser utilizado pelas escolas primárias e pelos infantários durante o período do dia, até às 17 horas, que é a hora que os nossos miúdos começam os treinos, e também alugar o espaço após as 21 horas e aos fins-de-semana para grupos informais de amigos, que se queiram divertir ou simplesmente praticar desporto. Vamos também aqui acrescentar no espaço algumas mais-valias, como duas tabelas de basquetebol”.
O que não estava previsto inicialmente…
“Sim e vamos ter aqui também um espaço de xadrez exterior, temos também uma sala com Internet, uma sala de jogos didácticos, uma sala de convívio e estamos também a fazer um palco que vai permitir a realização de eventos, como os torneios que, para além do da inauguração, temos já outro previsto para o dia 25 de Abril e vamos organizar também um torneio de seniores durante um mês, após o termino do Campeonato, entre 15 de Junho e 15 de Julho”.

“Que futuramente os investimentos continuem para que o Barreirense e a formação do Barreirense possa ser sustentável”

Os grandes objectivos da criação desta infra-estrutura passam também por criar condições para que o Futebol de Formação seja sustentável?
“Sim, este espaço vai-nos permitir ter também uma exploração da publicidade que vai gerar rentabilidade para o clube, praticamente vai suportar a formação do futebol. Neste momento, se calhar, já temos mais de 60 por cento do espaço preenchido e, com certeza, vamos trabalhar para, daqui a mais dois ou três meses, o preenchermos na totalidade, porque temos tido uma boa adesão por parte das empresas do Barreiro, apesar de todas as dificuldades que existem. As pessoas têm demonstrado sensibilidade para a valia deste projecto e têm, na generalidade, dado o seu contributo, para que possamos também aliviar um pouco os custos que vamos realizar. E que futuramente os investimentos continuem para que o Barreirense e a formação do Barreirense possa ser sustentável e proporcionar actividades desportivas a um maior número de crianças da nossa cidade”.

“Temos, neste momento, em termos de apoios cerca de 105 mil euros angariados e penso que conseguiremos atingir os 150 ou 160 mil euros”

Disse que esta obra rondava os 350 mil euros e falava na necessidade de apoios na ordem dos 100 a 140 mil euros. Esses valores sempre foram conseguidos?
“É evidente que os custos subiram substancialmente, porque havia muita coisa que, na altura, não tínhamos ideia de fazer e, à medida que a obra se foi concretizando, sentimos a necessidade de acrescentar algo ao espaço para o valorizar e para permitir, no futuro, essa rentabilidade. Neste momento, os custos que temos estimados para o espaço são da ordem dos 500 mil euros. E em termos de apoios, temos cerca de 105 mil euros angariados e penso que conseguiremos atingir os 150 ou 160 mil euros”.

Academia de Futebol abre a 21 de Março com Torneio, insufláveis e múltiplas actividades

A inauguração deste espaço é a 21 de Março. Há pouco falava da realização de um torneio, o que está previsto para esse dia?
“Para a inauguração temos uma cerimónia entre as 10h30 e as 11h30, onde vão actuar os nossos jovens da ginástica. Vai ser também realizado um torneio que começa às 9 horas, onde vão participar 19 Clubes com 48 equipas, onde se vão disputar jogos em simultâneo nos quatro campos durante os dois dias, 21 e 22 de Março. São seis escalões, dos 6 aos 12 anos. Ao longo destes dias, vamos ter também múltiplas actividades, de basquetebol, xadrez, vamos ter insufláveis e palhaços, hip-hop, capoeira e outras actividades que ainda estamos a tentar conseguir para os miúdos que aqui vierem”.

Estádio na Verderena – previsto de começar a ser construído em Maio

E em relação ao estádio na Verderena, ainda será possível o início da sua construção no mês de Abril?
“Em Abril deve ser difícil. Penso que eventualmente poderá ser possível iniciar em Maio, se tudo correr bem. Tem de sair o alvará de loteamento e têm de ser feitas algumas obras de infra-estruturas. E só depois se podem apresentar e aprovar os projectos para levarem à execução da obra”.
E o Pavilhão sempre irá ficar nessa zona?
“Pode ser realizado na Verderena mas o nosso objectivo, para que ele possa ser concretizado mais rapidamente, é encontrarmos outro espaço para podermos avançar com o projecto. Estamos a aguardar algum tempo para uma eventual alteração do Plano Director Municipal (PDM), mas são processos morosos”.

“Temos de construir infra-estruturas que por si só possam gerar receitas”

Na construção do Barreirense do século XXI, estas duas infra-estruturas têm uma grande importância na procura de uma gestão mais equilibrada e também na promoção do clube…
“Se olharmos para a realidade do Clube de hoje em dia, tem 20 por cento das receitas que tinha há sete anos atrás. Perdeu a sua principal receita, que era a receita do Bingo. Agora vamos ver este ano. A situação económica continua a ser má e as perspectivas nesse campo não são muito optimistas. Temos de construir infra-estruturas que por si só possam gerar receitas e substituir algumas das receitas perdidas, conscientes de que será difícil voltar a atingir os patamares que já atingimos, a não ser que o Barreiro ganhe outra dimensão e estrutura económica e que surjam empresas com mais apetência e capacidade para ajudar o Clube e o próprio município também possa voltar a ajudar o Clube, como ajudou. E o Clube tem de se ajustar à realidade em que vivemos e isso passa por reduzir custos e aumentar as receitas e aumentar as receitas é através da criação de espaços destes ou equivalentes”.

“Pode haver decisões que levem a que o concelho crie outra dimensão”

E esse futuro do Clube passa nomeadamente pelas modalidades de Futebol e de Basquetebol?
“Sim. O Barreirense tem estas duas modalidades que são aquelas que têm mais visibilidade, além de ter a Ginástica, o Kickboxing e o Xadrez que também têm um número significativo de praticantes. Mas essas duas modalidades são essenciais de manter, e apesar de todas as dificuldades ao longo dos anos, temo-las mantido. Temos feito esforços, nos últimos anos, no sentido de esgotar alguns recursos das vendas do nosso património para mantermos as modalidades do Clube e temos, se calhar, de ponderar continuar mais um ano com essa situação. Penso que o Barreiro também está numa encruzilhada e pode haver decisões que levem a que o concelho crie outra dimensão e outra capacidade e que possa também criar condições para apoiar o Clube de forma mais substancial”.

“O Clube tem de reduzir ainda mais as despesas, enquanto não conseguir receitas para poder gastar, porque senão caminhamos para o abismo”

Disse numa entrevista que esperava que Janeiro fosse um mês mais equilibrado, mas também referiu que em Fevereiro ou Março talvez se tivesse de tomar decisões para o equilíbrio das contas, o que passa pelo amadorismo das modalidades seniores. Que medidas já foram tomadas?
“Esse amadorismo praticamente existe na equipa de futebol e também na equipa de basquetebol. Os jogadores são praticamente todos formados no Futebol Clube Barreirense e os estrangeiros que temos também têm custos bastante reduzidos. Mas como disse, as perspectivas das receitas continuam negativas e o Clube tem de reduzir ainda mais as despesas, enquanto não conseguir receitas para poder gastar, porque senão caminhamos para o abismo. Temos é de preservar o património e o dinheiro que nos falta receber para fazermos as infra-estruturas e, na medida do possível, fazer infra-estruturas que possam gerir, por si, recursos”.

“Não se pode perseguir aquilo que não é alcançável ou que pode levar o Clube ao colapso”

E para esse futuro mais risonho do Clube, o que mais pode ser feito?
“Estamos a falar de situações muito progressivas, se houver decisões no sentido da nova Ponte, já houve do aeroporto, psicologicamente pode haver outro ambiente mas os resultados reais irão demorar muitos anos a surgir. O Clube fez agora este espaço, até ao final do ano fará provavelmente o espaço na Verderena, que é um passo para a sua sustentabilidade, e se conseguir resolver um espaço para o Basquetebol, serão três situações que o Clube tem de encarar como investimentos com retorno e isso são passos importantes. O Barreirense tem 16 equipas em competição, tem a ideia de as manter, minimizando os custos, como o tem feito até aqui, e a margem que tem para mexer é nas equipas seniores. Se não tiver recursos terá de continuar a reduzir. Não se pode perseguir aquilo que não é alcançável ou que pode levar o Clube ao colapso”.

“Penso que este ciclo de 12 anos devia de ter sido só de seis ou sete”

Já disse que não se vai candidatar à presidência do Clube. O seu ciclo termina com a construção destas duas infra-estruturas. Depois de 12 anos e meio de entrega ao Clube não lhe vai custar sair nesta altura?
“Sim, vai custar, mas penso que este ciclo de 12 anos devia de ter sido só de seis ou sete, porque para se ser presidente de um Clube como o Barreirense exige-se muito esforço e muito sacrifício e exige abdicar de muita coisa a nível pessoal e profissional e há situações em que temos também de pensar um pouco em nós. Quando entrei para o Barreirense, estava em graves dificuldades, tracei alguns objectivos que não foram possíveis de concretizar num curto período de tempo, porque infelizmente o país entrou em quebra económica”.

“Com certeza que o momento que mais me vai marcar será a inauguração deste espaço”

Mas desse tempo ficam muitas memórias…
“Sim, criam-se muitas amizades de pessoas que passam pelo Clube, há momentos mais felizes e menos felizes que também nos marcam, mas com certeza que o momento que mais me vai marcar será a inauguração deste espaço, até mais do que o Estádio, porque penso que o Barreirense tem um papel social a cumprir na sociedade do Barreiro e este espaço é essencial para isso. Com certeza que vai criar Homens mais felizes e melhor formados para que o Barreiro possa ser também uma melhor cidade.

Texto e foto: www.rostos.pt