Muitos copos e uma roulotte serviram de berço ao nascimento da claque do Barreirense, em 1999. A única claque organizada a apoiar um clube da 2ª divisão B tem 150 sócios. Sobrevive com o apoio do próprio clube, que lhe cedeu uma sede no estádio, e que lhe concebe algumas verbas para aquisição de material. Os patrocínios de empresas da região são também ajuda preciosa para a Brigada Relote poder brilhar nos relvados onde se desloca para apoiar a equipa da terra. Com uma média de idades na faixa dos 27,30 anos, os elementos da claque pagam mensalmente 5 euros e entram à borla nos jogos do Barreirense. Contactos: 212060086.
Brigada Relote Haja Alegria "Ou se faz a sério ou não então não vale a pena." Este não é o lema, mas a filosofia da claque do Barreirense, a única do país a apoiar um clube da 2ª divisão B. Mas nem por isso menor. Bandeiras, camisolas gigantes, t-shirts, fumos, tochas, |
tambores, extintores com pó de talco, tudo o que uma torcida de grande monta tem direito faz parte do espólio da claque. E a dedicação ao clube não baixa dos cem por cento. A diferença está no espírito do grupo. Haja alegria.
"A claque nasceu com um conjunto de amigos que vinha sempre aos jogos e se juntava em frente de uma roulotte a beber uns copos", conta Rui Barrenho, presidente da torcida. Daí o nome da claque: Brigada Relote. O grupo foi aumentando "começou a ser falado nos jornais da região, a todo o lado onde o clube se deslocava nós íamos também" e, em 1999, "resolvemos fundar uma claque".
De espírito despreocupado, com um entusiasmo saudável, alegria e camaradagem, "copos" ainda e sempre, a Brigada Relote nunca entrou em qualquer conflito. "Não temos tendência para isso", diz o presidente, mas acrescenta com alguma ironia: "não há claques nos jogos a que vamos". Certo é que são bem vistos em todo o lado, "excepto no clube, onde alguns sócios não nos vêem com bons olhos, dizem que somos um bando de bêbados e drogados, isto e aquilo", conta Rui Barrenho sem qualquer mágoa. Aos 27 anos não está preocupado com conversas de esquina, afinal, no Barreiro, aos sábados ou domingos, o estádio é o ponto de encontro de amigos e companheiros, e quer continuar a divertir-se e a cantar os cânticos "originais" que a Brigada Relote vai inventando. "Em casa, alguém se lembra de fazer uma música ou de escrever uma letra num papel, depois experimentamos num jogo. Três ou quatro começam a cantar para os outros encarrilharem. Não é difícil, são tudo pessoas habituadas a ir aos estádios da Luz ou de Alvalade."
Pois é, os elementos da Brigada Relote são de mais do que um clube, mas isso é encarado com naturalidade. "O nosso primeiro clube é o Barreirense, o clube da terra, mas como é da 2ª divisão, é natural que tenhamos um outro da 1ª Liga e Lisboa está mesmo aqui ao lado." Mais explicação para quê se até a sede da claque está decorada com cachecóis de outros clubes.
Pena têm uma: "a desgraça em que o Barreirense caiu". Sonhos, muitos: mandar fazer uma bandeira gigante, subir à 1ª divisão e "passar de 150 sócios para mais de 2000", continuar a levar a faixa da Brigada a todos os jogos e ganhar cada vez mais o reconhecimento dos jogadores, ter dinheiro para mandar fazer cachecóis da claque e por aí fora. "Somos, não digo doentes, mas fanáticos pela nossa equipa."
In Jornal " Capital"
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