Bruno Saraiva é exemplo invulgar no futebol português. O defesa central jogou todos os minutos oficiais e possíveis pelo Barreirense, num total de 41 jogos, 38 para o campeonato e 3 para a Taça de Portugal, isentos de cartões vermelhos e lesões. Disciplinado, fisicamente forte, atributos que o caracterizam e que lhe permitem partilhar, harmonicamente, a paternidade, o curso de geografia na Faculdade de Letras de Lisboa e o desporto.
Se Bruno Saraiva fosse a regra e não a excepção provavelmente haveria
muitos jogadores desempregados. A vida desportiva não é, porém, imune a
contratempos, como lesões e castigos, que não raras vezes afastam os
atletas dos relvados. Ora o Barreirense pôde contar com o defesa
central nos 41 jogos oficiais que realizou, 38 para o campeonato da II
Divisao B, zona sul, e três para a Taça de Portugal. Nem às dezenas de
jogos particulares o defesa escapou. No meio do sucesso está a sorte,
porque, tal como Bruno Saraiva explica, há situações que não se acautelam. «Felizmente tenho sido sempre titular na II Divisão
B. Esta temporada, no Barreirense, também joguei sempre e tive a
felicidade de nunca cumprir castigo ou estar ausente por lesão. Jogar
todos os jogos pode ser, de facto, inédito, porque se os castigos de
evitam as lesões são mais complicadas», conta.A equipa do Barreiro
terminou a temporada no quinto lugar, com 60 pontos, a cinco do segundo
classificado, Mafra, e a muitos do campeão Estoril - clube, aliás, ao
qual já recusou duas propostas. «É praticamente impossível repetir uma
época como esta. Não ter uma lesão é algo impossível de determinar»,
reitera.
Marta, Inês e universidade
Mas não é apenas no Barreirense que Bruno é titular. Também a Faculdade
de Letras de Lisboa o recebe numa das suas turmas todos os dias. É
estudante pós-laboral do 3º ano docurso de Geografia, variante
planeamento e gestão do território. Por fim, mas não por esta ordem, há
ainda a mulher, Marta e a filha, de 3 anos, Inês. Caso para dizer que
se um dia pudesse ter mais de 24 horas, Bruno Saraiva ficaria, por
certo, satisfeito. «Dependendo dos horários de cada um, ou eu ou a
minha mulher vamos levar a Inês ao Infantário. Seguem-se os treinos e
as aulas. A folga é à quinta-feira, de manhã, e ao sábado à tarde, para
a família», refere.
Entre o futebol e a universidade, a prioridade vai para a Geografia
(que sempre o fascinou), o que lhe limita as ofertas desportivas: «A
minha prioridade é terminar o curso e estabelecer-me num sítio onde a
minha filha crie amizades de raiz. Sei que é um entrave às negociações».
Bruno Saraiva termina contrato com o Barreirense, mas ainda não decidiu se renova contrato.
In "A bola"
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