ENCARNADOS COM POUCAS IDEIAS PERANTE ADVERSÁRIO FORTE E ATREVIDO
Não foi um passo atrás no processo de construção da equipa nem motivo para gerar desconfianças em relação ao futuro. Diremos apenas que foi uma etapa necessária, embora dolorosa e menos interessante para o espectador, de a longa caminhada que se avizinha.
Luisão e Manuel Fernandes mostraram-se pela primeira vez; Geovanni, Simão e Nuno Gomes actuaram apenas meia hora; Nuno Assis jogou encostado à linha, origem de um jogo menos amplo do que é normal. E a vitória havia de surgir de forma inesperada, num tiro espectacular de fora da área, que levou a bola a entrar junto ao ângulo superior esquerdo da baliza de Paulo Silva. Essa foi a sentença de Petit, exuberante murro na mesa de quem pretendeu esclarecer que, para ele, o resultado tem sempre alguma importância.
Lentidão
A decepção maior provocada pelo Benfica não foi sequer a falta de magia evidenciada ao longo da hora e meia. A principal dificuldade foi em impor o seu jogo, num desvio surpreendente à cartilha de Ronald Koeman: a equipa não deu sentido prático à circulação da bola; foi lenta e previsível na elaboração dos lances; teve pouca fluidez nos movimentos de ataque e faltou-lhe amplitude ofensiva.
Perante um Barreirense motivado pelo estádio cheio, pelo nome do adversário e pela esperança de boa época na Liga de Honra, o Benfica não conseguiu viver a salvo de algum imponderável. Os encarnados nunca se entenderam com as diferenças anímicas; não foram suficientemente firmes na procura do golo e ainda abriram portas à entrada dos avançados nas costas da sua defesa.
Num cenário de equilíbrio (muito mérito da formação comandada por Rui Bento, que deu excelentes sinais), o Benfica aceitou as regras e continuou em busca da ideia que lhe foi escapando sistematicamente. Como aconchego de um fim de tarde pouco auspicioso, salvou-se as aparências com uma vitória. E ainda a felicidade de a construir com um golo absolutamente fantástico.
RUI DIAS (Record) 28/7/2005
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