Tarde épica para mais tarde recordar
Se há jogos que ficam na memória, este com certeza que irá perdurar nas mentes de quem o viu nos próximos tempos. Situações como a que aconteceu neste jogo acontecem muito raramente e é por isso que o futebol tem esta imprevisibilidade e é por isso mesmo que é capaz de provocar um reboliço de emoções a quem gosta deste desporto.
Se nos dissessem que a perder por 0-2, aos 18 minutos de jogo, e reduzido a dez unidades durante 80 minutos, que iríamos vencer por 3-2!! de certeza que nem o mais crente adepto barreirense esperaria este desfecho. Parece que a máxima de um conhecido jornalista, Gabriel Alves, afinal é mesmo verídica, diz o senhor que: "o resultado mais perigoso no futebol é o 2-0" e não é que foi mesmo...
O Vasco da Gama entrou muito pressionante e soube incomodar de forma "violenta", o último reduto barreirense. Logo no primeiro minuto, um dos brasileiros da equipa vascaína (jogaram os 5 brasileiros), Éder apareceu, desmarcado nas costas de Miguel Gomes e rematou, com muito perigo, para fora.
A asfixia viscaína no pressing, deu resultados aos 9 minutos quando Valter atrasou mal a bola para José Carlos, Mikó intrometeu-se, passou pelo guardião barreirense e foi derrubado, claramente, por este. Cartão vermelho e penalty indiscutíveis. Paulinho fez o primeiro golo do jogo.
A equipa visitante sentia-se ainda mais confortável na partida e ia causando embaraços atrás de embaraços ao Barreirense que não conseguia ter a posse de bola, e quatro minutos depois do golo, Dico tem uma grande jogada individual (à brasileiro, com técnica) pela esquerda e oferece o golo a Paulinho que, só com Carlos Soares pela frente, permitiu ao jovem guardião uma defesa impossível.
Mas estava escrito que o pesadelo do nosso lateral-esquerdo (Miguel Gomes) estava para continuar e aos 18 minutos, Éder é lançado pela direita e faz o mais fácil perante Carlos Soares. 0-2.
Pensou-se em goleada e só havia uma possibilidade de a evitar: entrar no jogo reduzindo o marcador. Com Sampaio a fazer de "Guerreiro", o médio levou os seus colegas e seguirem-lhe na atitude, raça, crer e vontade, e felizmente, que aos 28 minutos, num lançamento de linha lateral do mesmo Sampaio, Amadeu "penteou" o esférico para o 2ºposte indo ter com Varela que fuzilou o longilínio guarda-redes brasileiro Gott, de 2m04.
O jogo mudou, já que pela primeira vez o Vasco da Gama sentiu que afinal ainda nada estava decidido. Mesmo assim, os alvi-rubros bafejaram do factor sorte e da falta de pontaria de Mikó que, no último minuto da 1ªparte, aproveitou um slalom de Paulinho (que chegou a passar pelo guardião barreirense) e de forma incrível atirou por cima da baliza.
Valdo descobriu o caminho marítimo..para o Amadeu demolidor
A 2ªparte foi completamente diferente. Perante um conjunto muito forte nos duelos individuais, a equipa fez um toca a reunir. Com menos uma unidade em campo à já tantos minutos, a equipa conseguiu envolver o adversário com a entreajuda digna de um campeão e esse facto incomodou e muito o adversário que não esperava tal reacção depois das facilidades do 1ºtempo.
João Nuno avisou aos 50 minutos e Varela, aos 56, quando correu isolado para a baliza e permitiu a defesa de Gott, fez acreditar que afinal ainda era possível acreditar.
Aos 60 minutos, Varela acertou na atmosfera mais uma assistência de Amadeu pelo ar, quando tinha a baliza à sua mercê e o resultado começava a cheirar a injusto. Após nova combinação Varela-Amadeu, que acabou por ser salva, à última da hora, por mais um brasileiro (Herbert), Duka opta por retirar o estoirado Varela e colocar Valdo. Pensaram os vascaínos que finalmente iriam ter sossego...puro engano. O futebol directo para a área dos visitantes passou a ser o único meio para atingir as redes dos vencedores da Taça da A.F.S. e esse facto foi decisivo para a reviravolta no marcador.
Temos que referir que Carlos Soares voltou a estar em grande nível a um grande contra-ataque do Vasco Gama, aos 68 minutos, que Dico não soube aproveitar e como diz o ditado: "Quem não mata, morre".
Num espaço de 3 minutos (entre os 74 e 77 minutos) o Barreirense deu a volta ao jogo e em jogadas tiradas a papel químico: passe longo para a entrada da área, Valdo assiste Amadeu que rematou para o(s) golos(s), o primeiro com o pé e o segundo com a cabeça.
Foi a loucura nas hostes alvi-rubras: o impossível tornou-se possível e perante os atónitos jogadores do Vasco (que já discutiam uns com os outros) foi só deixar correr o tempo até final para se celebrar um jogo fantástico da nossa equipa.
Num plantel onde o Fisioterapeuta, Vitor Raposo, tem tido bastante trabalho com os problemas físicos (que o digam, Valter, André Cansado, Sampaio e Sérgio Canas, isto sem falar no central Gilberto que acabou o jogo a ponta-de-lança por inferioridade física) esta foi, de facto, uma vitória muito saborosa. Aí se o campeonato começasse agora...
Arbitragem exemplar de Micael Rechena.
Ficha do jogo:
Campo: Vale D´Abelha, na Aldeia de Paio Pires
Piso: Sintético
Árbitro: Micael Rechena
Árbitros Auxiliares: Nuno Branquinho e Mónica Salvador
Tempo: Nublado
Barreirense: José Carlos; Cláudio (c), Valter, Gilberto e Miguel Gomes; Sampaio, João Nuno e Sérgio Canas (André Cansado aos 34´); Varela (Valdo aos 65´), André Silva (Carlos Soares aos 10´) e Amadeu
Não jogaram: Morgado, Dieb e Daniel (todos juniores) e Jorge Palma
Treinador: Duka
Treinador Adjunto: João Renato
Cartões Amarelos: João Nuno (90´+1´) e Carlos Soares (90´+3´)
Cartão Vermelho: José Carlos (9´directo)
Golos: Varela (28´), Amadeu (74´e 77´)
Vasco Gama: Gott; Filipe Mariano, Herbert, Cadú (c) e Ricardo Rodrigues; Rui Silva (Mascarenhas aos 84´), Ricardo Oliveira e Paulinho; Éder (Idy aos 70´), Dico e Mikó (Luiz Gustavo aos 70´)
Não jogaram: Carlos Pereira, João Nunes, Ricardo Ferreira e Filipe Silva
Treinador: Direito
Cartão Amarelo: Rui Silva (41´)
Golos: Paulinho (11´g.p.) e Éder (18´)
Ao intervalo: 1-2
No final: 3-2
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