Quem não chora não mama
Depois de um jogo em que apenas o resultado ficará para a história, iremos tentar ser o mais correctos possível na análise ao que se passou em campo, o que por vezes torna-se complicado, pois há situações em que mesmo para um simples espectador o óbvio deixa de o ser, e a inteligência humana acaba por não ser suficiente para se entender determinadas decisões.
Não sendo um jogo decisivo para os objectivos barreirenses, não deixava de ser importante o desfecho deste encontro até porque em caso de derrota o Play-Off seria uma realidade.
Poucas oportunidades de golo para as duas equipas, embora com o Cova de Piedade a ter mais posse de bola e como tal com maior tempo de jogo no meio-campo barreirense. Só aos 12 minutos, surgiu o primeiro lance de algum registo na partida com Rodrigo a rematar com algum perigo, sobre a barra de José Carlos.
Com dificuldades em sair a jogar (Amadeu lesionado não foi opção), o Barreirense só por duas vezes conseguiu chegar à área da equipa de casa mas a verdade é que numa das situações (28´), Bailão cabeceou à barra e na outra vez acabou mesmo por chegar ao golo (42´) exactamente pelo mesmo Bailão, e que golo, num grande remate de pé direito, em que o guarda-redes nem com asas lá chegava.
Num jogo bastante pacífico em que nenhuma das equipas complicou, aos 44 minutos José Carlos tenta segurar um cruzamento para a área e é abalroado por um jogador da equipa da casa. Falta grosseira em que o árbitro apenas pede calma ao causador da falta. Na reposição de bola, Fábio Fragoso bate para o meio-campo e Bailão salta com Milton com o jogador da Piedade a ficar a rebolar, vigorosamente, no relvado. Para surpresa, Bailão é expulso com vermelho directo (45´) e a dualidade de critérios do árbitro da partida começa a ser gritante não só pela expulsão mas também pelas faltas constantes assinaladas sempre para o mesmo lado. O campo começava a inclinar e o jogo começava a ficar demasiado condicionado por parte de quem menos devia ser protagonista.
Veio a 2ª parte e logo aos 48 minutos, o Cova da Piedade chega à igualdade após um excelente trabalho de Rodrigo na esquerda do ataque em que um primeiro remate ainda foi defendido por José Carlos à queima-roupa, mas a recarga de Jessy foi mesmo para o fundo da baliza.
Num campo cada vez mais inclinado, no minuto 65 num contra-ataque, Rúben Guerreiro é agredido por Ricardo Aires, o árbitro vê e assinala a falta e mostra o cartão amarelo... ao central do Piedade perante a estupefacção geral. Rúben Guerreiro iria sair pouco depois já que apresentava aquilo a que se chama "um olho à Belenenses".
Mesmo assim, as duas melhores e únicas oportunidades de golo da 2ª parte pertenceram ao Barreirense, num livre de Crisanto (66´) a tirar tinta ao poste, e num contra-ataque de André Cansado que isolado atirou para fora, de pé esquerdo. Uma palavra para o André que no golo do empate foi abalroado por um adversário ficando bastante mal no lance mas o seu espírito de sacrifício permitiu-lhe chegar ao final da partida. No final, no entanto, teve que receber assistência hospitalar, mas à partida está tudo bem. As rápidas melhoras.
Quando tudo parecia satisfeito com o empate, ao minuto 90, num livre descaído para a direita do ataque, a bola foi ter aos pés de Jessy que fez o 2-1 num golo aos trambolhões que deu a manutenção ao Cova da Piedade.
A partir daí, deixou de haver jogo já que assistiu-se a uma invasão de campo por parte de alguns adeptos da equipa da casa ameaçando alguns jogadores do Barreirense e tudo perante o olhar das autoridades. Quem não deixou de ver algo, talvez pelo excesso de calor que se fez sentir foi o árbitro da partida que "viu" Valter querer acalmar a situação mas pelos vistos isso dá direito a expulsão e também ele foi para o banho mais cedo.
Resumindo, foi uma situação lastimável o que se passou hoje no campo da Piedade. Tudo começou durante a semana quando nos jornais os responsáveis do Piedade faziam eco de que os dirigentes barreirenses estariam a aliciar jogadores da equipa da casa para a próxima época mas o certo é que a "coisa" deu certo e como se diz na gíria "Quem Não Chora Não Mama" frase perfeita para descrever este jogo.
Por último e para não falar mais sobre situações gravíssimas que assistimos no final do partida por parte de pessoas importantes ligadas ao Cova da Piedade e que irão seguir os trâmites legais, referir que a mesma Direcção do Cova da Piedade, colocou bilhetes a €10 para os não sócios sendo que o valor dos bilhetes eram de €7. O que os senhores da bilheteira do estádio faziam era rasgar a parte do bilhete onde vinha gravado os €7 e depois vendiam o bilhete rasgado pedindo €10. Situação que foi reportada pelo Barreirense e os seus associados e que ficou referenciado no relatório da policia.
Parabéns para os jogadores do Cova da Piedade (mesmo para o Hugo Rosa que quando foi expulso lembrou-se de ir provocar os sócios do Barreirense) que assegurou a manutenção e que não tiveram culpa de jogar com 14, e lastimável a actuação de alguns dirigentes com responsabilidade da equipa da casa...
Ficha do jogo:
Campo: Municipal José Martins Vieira, em Almada
Piso: Relvado sintético
Árbitro: José Quitério Almeida (Lisboa)
Árbitros Auxiliares: Ricardo Oliveira e Flávio Mendes
Tempo: Calor mas com algum vento
Cova Piedade: Osvaldo; Ricardo Aires, França, Carlos Carvalho, Milton ((c) a partir dos 67´), Hugo Rosa, Tiago Meira (c), Gaspar, Rodrigo, Jessy e Moisés
Suplentes: Marreiros; Serginho, Chiquinho, Rafael, David Pinto, Bulhão e Dieb
Cartões Amarelos: Osvaldo (45´+1´), Tiago Meira (65´), Ricardo Aires (65´), França (85´) e Carlos Carvalho (87´)
Cartão Vermelho: Hugo Rosa (90´ no banco de suplentes, directo)
Substituições: Gaspar por David Pinto (60´), Tiago Meira por Bulhão (67´), Hugo Rosa por Dieb (87´)
Golos: Jessy (48´ e 90´)
Treinador: Sérgio Boris
Treinador-Adjunto: André Dias
Barreirense: José Carlos; Carlos André, Bruno Costa (c) , Fábio Fragoso, André Cansado, Crisanto, Pedro Duarte, João Nuno, Bailão, Daniel Lourenço e Rúben Guerreiro
Suplentes: Kevin; Miguel Gomes, Valter, Bruno Cruz, Diogo Pereira, Gonçalo Ventura e Canina
Cartões Amarelos: Bruno Costa (57´), João Nuno (65´) e Crisanto (84´)
Cartões Vermelhos: Bailão (45´ directo) e Valter (90´ no banco de suplentes, directo)
Substituições: Rúben Guerreiro por Canina (83´), João Nuno por Bruno Cruz (90´) e Fábio Fragoso por Gonçalo Ventura (90´+3´)
Golo: Bailão (42´)
Treinador: Ricardo Monsanto
Treinador-Adjunto: Luis Firmino
Clica aqui para ler o comunicado da Direcção do FCB sobre os acontecimentos no jogo >>>
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